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Rumo à Semana Inclusiva SC

Atualizado: 11 de set. de 2020


#ParaTodosVerem Mulher de aparência jovem de pele branca, cabelos ondulados de tamanho médio castanhos escuros e olhos também castanhos escuros. Veste blusa preta com estampa branca. Está falando ao microfone de uma rádio. Atrás dela, divisórias de vidro.

Luciana Xavier Sans de Carvalho, Auditora-Fiscal do Trabalho desde 2007 e coordenadora do Projeto de Inclusão de Pessoas com Deficiência e Reabilitados do INSS no trabalho de Santa Catarina, relata-nos a seguir o que é e como foi gestada a Semana Inclusiva Santa Catarina, que acontecerá nos dias 22, 24 e 26 de setembro de 2020, e também a importância da inclusão para todos nós. É fundamental dizer que a Auditora, que transborda amor pela inclusão a cada palavra, nos conta que nunca quis outra carreira além da Auditoria-Fiscal do trabalho. Afirma ainda que, após ser convidada a realizar ações de inclusão de Pessoas com Deficiência e Reabilitados do INSS no Trabalho em 2013, encontrou-se profissionalmente de forma plena, inclusive incorporando sua experiência pregressa na fiscalização de Segurança e Saúde no Trabalho – setor do qual foi chefe por alguns anos – à fiscalização da inclusão de Pessoas com Deficiência e Reabilitados do INSS.


ITD: Você está à frente, com alguns parceiros, da Semana Inclusiva SC. Qual é o formato desse evento e como surgiu a iniciativa?


Luciana: A Semana Inclusiva Santa Catarina é o desdobramento e o amadurecimento de parcerias que começaram a florescer no primeiro semestre de 2015, em preparação de um feirão de empregos voltado às Pessoas com Deficiência e Reabilitados do INSS – Dia D. No Brasil, alguns Estados já realizavam a feira de empregos em parceria com o SINE, mas, em Santa Catarina, o Dia D já nasceu diferente. A feira de empregos teve desde sua primeira edição a coordenação da Auditoria-Fiscal do Trabalho e do MPT SC, além da parceria com duas dezenas de instituições públicas e privadas.

Em reuniões mensais na Superintendência Regional do Trabalho, um grupo cada dia maior resolve ir mais longe. Resolve discutir a inclusão em todos os aspectos da vida em sociedade. Um dos parceiros sugere então a Semana, que em 2016 é realizada para a Grande Florianópolis. O grupo cresce e outras cidades e regiões abraçam a ideia, como Joinville, Blumenau e região! Aqui estamos, 8600 empregos depois e já em 50 parceiros, juntos lutando por um mundo melhor.


ITD: Vocês tiveram que adaptar o evento à pandemia. Certamente, mais um grande desafio. Como vocês fizeram?


Luciana: Luciana: Com a pandemia, desafios e tristezas, a primeira pergunta foi: Vamos manter o evento em 2020? SIM! E, junto com a decisão de realizar a Semana Inclusiva, veio imediatamente a preocupação com a saúde de todos. Então, focados em inclusão e unidos com amor e luz, decidimos dar nosso melhor e levar o tema, de forma virtual, para todo o Estado. O mundo virtual, desconhecido pela maioria dos parceiros, virou tema de discussões, busca rápida de aprendizado e a vontade de fazer tem superado as dificuldades que surgem e nos testam diariamente. A parceria com a Escola do Legislativo e seus técnicos tem sido crucial para essa mudança de rumos.


ITD: Vocês têm objetivos a alcançar com essa Semana Inclusiva de 2020?


Luciana: Sim. Sempre dizemos que a Semana Inclusiva não é um dia ou um momento, ela é movimento. O objetivo é estarmos sempre presentes, pautando e vivenciando a inclusão com foco no emprego, por entendermos ser ele um direito fundamental por excelência em uma sociedade capitalista.


ITD: Além da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, o que mais a Semana Inclusiva agrega à Inclusão da PcD na sociedade?


Luciana: A Semana Inclusiva clama pela ocupação de todos os espaços por todas as pessoas. Queremos esclarecer que a deficiência está no NÓS e não no EU. A deficiência é a relação entre um impedimento de longo prazo (EU) que, em interação com barreiras atitudinais, arquitetônicas, comunicacionais etc. (NÓS), impede o pleno exercício de direitos. Assim, além da feira de empregos, preparamos uma programação cultural, esportiva e educacional, através de seminários e vivências. Incentivamos o “COMviver” e compartilhamos informação de qualidade!


ITD: Qual a resposta que o evento teve das PcDs, empresas, famílias de PcDs e sociedade em geral?


Luciana: Além dos mais de 8000 empregos criados muito em razão desse trabalho em rede, recebemos afeto, acolhida e a CERTEZA de que NÃO podemos parar. Muito já foi conquistado, mas o caminho para a inclusão plena, especialmente no trabalho, é longo... Estaremos juntos nos fortalecendo enquanto rede até o mundo mudar e, cada vez mais, semanas inclusivas fazerem parte da evolução da sociedade em livros de história.


ITD: Esse tipo de evento efetivamente ajuda a derrubar barreiras em relação à inclusão das PcDs? Você tem alguma história interessante para nos contar?


Luciana: Esse movimento derruba barreiras o tempo todo, sem parar. Tenho muitas histórias para contar de trabalhadores com deficiência e reabilitados do INSS que encontraram oportunidades e brilharam, de empresas que da resistência à ação afirmativa passaram a promotoras de inclusão, de comunidades e famílias transformadas e de trabalhadores acidentados em processo de restauração da dignidade... Observe que me referi a reabilitados do INSS, pois a Lei de Cotas também é para eles, muitos dos quais chegaram a essa condição em função de acidentes do trabalho... Eis aí uma conexão direta entre esta categoria e a fiscalização de Segurança e Saúde no Trabalho! Digo aqui que, como uma Auditora-Fiscal do Trabalho querendo transformar, a realidade e a caminhada acabaram me transformando de uma forma que nunca imaginei e sonhei possível! Aos 44 anos, sou uma Auditora-Fiscal do trabalho melhor e descobri que cada ser humano é único, belo e capaz!


ITD: Você tem uma posição firme em relação à Educação Inclusiva. Você poderia discorrer brevemente sobre essa questão?


Luciana: Eu não estudei com crianças com deficiência. Tive uma colega na universidade com deficiência visual, com quem mantenho contato apenas por grupo de WhatsApp, já que ela mora na Alemanha. Mas na escola primária, como chamávamos, éramos divididos em salas de A a F, de acordo com nossas notas. Infelizmente, alunos da turma F iniciavam e terminavam os 4 anos primários na mesma turma. Eram inamovíveis. Geralmente, alunos pretos e em maior vulnerabilidade socioeconômica. Uma tristeza para a sociedade! Aprendemos a conviver “COMvivendo”. Aprendemos a não excluir, incluindo. Ninguém é ilha! Temos que estar juntos! Muitas são as inteligências e os saberes.

ITD-A Semana Inclusiva de 2021 já está no radar?


Luciana: (Risos) Sempre! Já está no radar! E sonhamos que seja presencial! Nada substitui o calor da presença.

ITD: Gostaria que você deixasse sua visão sobre a importância do trabalho na inclusão da PcD na sociedade.


Luciana: Minha visão é que o trabalho é INDISPENSÁVEL no processo de inclusão. Hoje, tenho dificuldades em entender quem não pensa assim. É muito bom ter colegas de trabalho, aumentar relações humanas, conhecer processos e pessoas. E, especialmente em uma sociedade de consumo, receber salário e ter dinheiro para gastar é libertador! Libertador, pois coloca as Pessoas com Deficiência em posição de fazer escolhas e mudar o mundo através do consumo consciente. Viva a Lei de Cotas! Viva a Auditoria Fiscal do Trabalho! Viva a inclusão!




#ParaTodosVerem A imagem é uma foto tirada na Semana Inclusiva de Florianópolis de 2017. São retratadas ao centro 05 mulheres brancas sorridentes, sendo que quatro de estatura mediana usando a camisa do evento se posicionam atrás e uma com nanismo na frente. Ao redor, vemos vários estandes onde ocorrem as atividades do evento, e várias pessoas aparecem. Na camisa do evento lê-se “Semana Inclusiva” em letras verdes. A entrevistada Luciana Sans é a segunda à direita.

Semana Inclusiva de 2017. Nossa entrevistada, Luciana Sans , é a segunda à direita.

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